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O que nos motivou a escrever para Ahmed & Malak ?

É difícil explicar para vocês a sensação de ser preso injustamente. Em uma situação dessa, você não poder fazer nada, a não ser cuidar da sua saúde física e mental e rezar para que sua família e seus amigos consigam lutar para buscar as provas necessárias da sua inocência. Enquanto isso, você tem que lidar o tempo todo com a ideia que se isso não acontecer, você pode passar anos preso por um crime que não cometeu.




Somente quem já sentiu na pele essa injustiça, sabe o que é isso. Somente quem já ficou trancado por dias em uma sela minúscula, sabe o desespero que isso traz. A sua vida para. Você não tem direito de escolher aonde ir, o que comer, o que vestir, para quem ligar e nem quando chorar. Te tiram o que é mais precioso e muitas pessoas talvez nunca pararam para pensar nisso, eu também nunca tinha pensado, tiram a sua LIBERDADE.


​Kátyna e eu passamos por dias muito difíceis, alguns muito mais difíceis que os outros, aqueles que você não quer acordar e abrir os olhos e ver onde está, aqueles que você não quer sair da cama e uma pergunta não sai da sua cabeça; “por que isso está acontecendo comigo?” Dias que você não pode nem chorar, porque se um policial lhe ver chorando você é isolada das outras detentas porque eles consideram que ao chorar, existe o risco de suicídio.


​Hoje eu consigo escrever essas palavras sem sofrer tanto, mas confesso que até aqui meus olhos já encheram de lágrimas algumas vezes relembrando tudo que aconteceu, mas hoje sinto orgulho quando olho para trás e vejo como saímos daquela situação. Então, fiquei pensando...eu entendo muito bem o que o Ahmed e a Malak estão sentido e talvez para eles seja mais difícil ainda, estão longes dos filhos. O que eu posso fazer para tentar levar um pouco de conforto para eles? E me lembrei que um dos raros momentos que eu conseguia sorrir, era quando eu recebia carta da minha família e dos meus amigos, sempre com palavras positivas e de esperança. Então, entrei em contato com nossa advogada, Dra. Luna Provázio, que é a mesma do casal turco e perguntei se ela conseguiria fazer essa carta chegar de forma mais rápida para eles através dos advogados turcos e ela me respondeu que iria tentar e que achava uma ótima ideia, já que ela sempre nos dizia como a situação deles estava complicada. Logo, conversei com nossa professora de inglês, Yara e ela se prontificou imediatamente a me ajudar com a transcrição da carta para o inglês, pois o Ahmed e a Malak não falam português, somente inglês e árabe.


​Tentamos levar palavras positivas para eles, palavras de fé e de esperança. Após alguns dias, eles conseguiram a liberdade. A felicidade de receber um agradecimento deles foi gigante, talvez nós conseguimos levar para eles um pouquinho de esperança em um dia muito difícil. Estamos muito felizes com a liberdade do Ahmed e da Malak, desejamos que eles consigam estabelecer suas vidas e entendam que suas vidas foram ressignificados.


E para você que escreveu uma carta para nós enquanto estávamos presas e se não tive a oportunidade de agradecer ainda, muito obrigada. Você talvez me salvou em um dos dias mais difíceis da minha vida.


​Vamos deixar aqui para vocês a versão em português e em inglês da carta para o Ahmed e a Malak.

 
 
 

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